quinta-feira, 12 de março de 2009


Jarbas Vasconcelos


Após os últimos resultados de pesquisas de opinião, apontando o presidente Lula com 84% de aprovação entre os brasileiros (um recorde), o fato acendeu um sinal de alerta na oposição ao atual governo e, novos personagens entraram em cena no sentido de tentar desgastar a imagem do atual presidente.

Como sempre, a revista Veja sai na frente dos demais veículos (no ataque ao atual governo), e lança em primeira mão, uma entrevista até então “exclusiva” com o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB – PE), acusando o seu partido “de fazer parte de práticas de corrupção generalizadas com o governo federal.”

Para uma melhor interpretação do cenário que se forma no atual jogo político, é importante conhecer um pouco da história desse personagem, que em sua entrevista, conseguiu grande repercussão política na imprensa nacional.


Quem é Jarbas Vasconcelos?


Nascido na cidade de Vicência, interior do estado de Pernambuco, mudou aos sete anos de idade para a capital Recife juntamente com seus pais e oito irmãos.

Em Recife, ingressou na Universidade Católica, em 1964, após dois anos servindo ao Exército. Uma vez no ambiente acadêmico seguiu o rumo da militância política sendo um dos fundadores do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) no qual ingressou em 1966 e, dois anos depois, receberia o título de bacharel em Direito conciliando a advocacia e a política.

No início de sua extensa tragetória política, Jarbas Vasconcelos assumiu o mandato de deputado estadual em 1970 e deputado federal em 1974. Com o fim do bipartidarismo no Brasil, ingressou no PMDB se reelgendo deputado federal em 1982.

Eleito Prefeito do Recife em 1985, nas primeiras eleições diretas para o cargo desde o fim do Regime Militar de 1964, seu triunfo foi precedido por um percalço que por pouco não inviabiliza a sua candidatura já que fora derrotado pelo deputado federal Sérgio Murilo na convenção do PMDB e, sem espaço na sua legenda, buscou abrigo no PSB e formou a "Frente Popular do Recife", uma coligação cuja a base, se sustentava tanto em sua figura, quanto no apoio da maior parte do PMDB e no apoio de legendas como o PT e o PC do B.

Vitorioso nas urnas, retornou ao PMDB o mais rápido possível e assumiu a presidência nacional do partido durante o período das eleições presidenciais de 1989. Em 1992, Jarbas Vasconcelos foi eleito para o seu segundo mandato como Prefeito do Recife.

Miguel Arraes, antigo aliado , se tornou seu principal adversário político em Pernambuco. Com Arraes de novo em evidência, as alianças políticas de Jarbas Vasconcelos se voltam para seus antigos adversários pefelistas, formando uma coligação partidária entre o PMDB e o PFL, chamada de "União por Pernambuco".

Nessa eleição a "União por Pernambuco" lança o ex-governador e deputado federal Gustavo Krause, que disputou a eleição pelo PFL. Krause perde a eleição para o ex-governador e deputado federal Miguel Arraes.

Diante das circuntâncias e disposto a alterar os rumos do jogo político em seu estado, apóia a candidatura do também pefelista Roberto Magalhães à sua sucessão na prefeitura e assim mantém uma aliança com o então PFL (hoje DEMOCRATAS) nas eleições para o governo do estado tanto em 1998 (impedindo a reeleição de Arraes) quanto em 2002 (nesse ano chegou a ser cotado como candidato a vice-presidente na chapa de José Serra, convite ao qual recusou). Após sete anos no comando do estado, renunciou ao mandato em 31 de março de 2006 para disputar, com sucesso, uma cadeira no Senado Federal. Passou a ser apontado como a grande liderança política do estado de Pernambuco após a morte de Miguel Arraes em 2005.

Jarbas Vasconcelos passou o governo para Mendonça Filho que perdeu a reeleição para o então deputado federal Eduardo Campos. Esse fato, bem como a perda da Prefeitura do Recife após as eleições do ano 2000 e a reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva em outubro de 2006, colocou o grupo político de Jarbas Vasconcelos na oposição aos dirigentes de Recife, do estado de Pernambuco e também em relação à Presidência da República.

Jarbas Vasconcelos assumiu o cargo de senador por Pernambuco no início de 2007 e logo se colocou no campo da oposição ao Governo Federal, contrariando a aliança estabelecida por seu partido.

Foi uma das principais vozes a favor da renúncia ou cassação do mandato do presidente do Senado Renan Calheiros, que se envolveu em várias denúncias de corrupção. Mesmo não tendo tido êxito na tentativa de forçar a renúncia ou cassação do presidente, o movimento em prol pelo afastamento de Renan acabou favorecendo políticamente Jarbas Vasconcelos dando maior visibilidade ao senador na imprensa nacional. Jarbas Vasconcelos tornou-se um dos principais políticos da oposição.

Cogitado como possível vice de José Serra, o senador conclamou a oposição em plenário no dia 11 de março a “se organizar e partir para o enfrentamento” ao governo do presidente Lula.

Tendo circulado, mesmo que por curto período, entre setores da esquerda brasileira, Jarbas Vasconcelos acabou se tornando uma espécie de “porta voz credenciado” da oposição, que, apoiado pela grande imprensa, a elite econômica e pelos setores mais conservadores da nossa sociedade, visa desgastar, desde já, a imagem do atual governo, no objetivo de minar sua popularidade cada vez mais ascendente no atual quadro político brasileiro.

O quadro que a nossa imprensa está tentando pintar de Jarbas Vasconcelos como novo “paladino da moralidade” não cola. Muito suspeito um líder político que esteve pelo menos 43 anos à frente do PMDB, inclusive como presidente nacional do partido, só agora, em período pré-eleitoral, descobrir e denunciar as falcatruas dentro da sua legenda.

A imprensa precisa ter cautela com o trato da informação para não deixar de cumprir sua maior vocação: formar cidadãos conscientes e estar acima de qualquer partido ou tendência política.

Infelizmente, os grandes veículos brasileiros parecem não se preocupar com o direito a informação, e se transformam em verdadeiros panfletos de seus partidos preferenciais. Assim como na construção do personagem “caçador de marajás”, a história se repete.

Um comentário:

Leila J disse...

muito bom Valmir.
Na Cata Capital da semana passada tem uma historinha sobre ele.