quarta-feira, 15 de abril de 2009

OPINIÃO PUBLICADA & OPINIÃO PÚBLICA


Como a principal proposta deste blog é fornecer bons conteúdos para quem o visitar, me sentí no dever de publicar aquí, na íntegra, um dos textos mais brilhantes que já lí sobre esse tema.
Parabéns ao jornalista Washington Araújo!!

Segue o texto retirado do site "Observatório da Imprensa".....


OPINIÃO PUBLICADA & OPINIÃO PÚBLICA
A correspondência de comadres


Por Washington Araújo em 08/09/2009




Dona Opinião Pública,


Para início de conversa, não fui eu que inventei essa história de ser chamado Quarto Poder. É verdade que sempre lancei olhos de inveja aos demais Três Poderes. Ante meus olhos o Legislativo criava leis, normas e até regras para assegurar uma boa convivência entre temas tão distintos quanto capital e trabalho, cidade e campo, latifúndio e nãofúndio. Não era menor o exagerado apreço que dediquei ao Executivo. Ora, era este que fazia e desfazia, lançava mão de um expediente aqui e outro ali para obedecer a leis feitas na medida ou mesmo para ter certeza de que nas próprias leis brechas seriam criadas para não lhe tolher o espaço e a margem, sempre imensa, de manobra.

Ao Judiciário me encantava a idéia da estátua grega de olhos vendados. Por ali tudo poderia acontecer, pois outro refúgio não existia e foi assim que aos pés da dama vendada observava o despudorado desatar de nós. Mas tanto insistiram que hoje não me apraz atender por outro nome que o de Quarto Poder. Admito ser o quarto quando sei que na verdade tenho cacife para ser o primeiro e me transformo no guardião dos outros três.

Sei que quando me alcunharam Quarto Poder a motivação era tão-somente de me advertir, de me mostrar as limitações, quando não minhas vulnerabilidades. Ledo engano. A cada dia e a cada semana mais alargadas são as minhas fronteiras. Se antes me contentava em ser apenas espelho da realidade, hoje sou muito mais que isto, sou a realidade que desejo espelhar. Se antes tinha que vestir aquela velha camisa de força das seis perguntinhas básicas – quem, o que, quando, onde, como, por que – hoje posso até dispensá-las por sua total desimportância. Se antes me obrigavam a uma perda de tempo imensurável ouvindo o sempre açodado outro lado, fonte intermitente de reclamações e queixumes, hoje camuflo tudo isso na forma de generosos espaços e preciosos minutos dedicado a preencher lacunas do tipo "entenda o caso" ou "saiba mais".


Rio liberal


Antes minha lealdade era total à verdade. Transmutava-me em detetive e investigava tudo e todos e só liberava a notícia após conferir minhas fontes, fontes classificadas quanto à sua credibilidade e idoneidade. Hoje deixei de ser tão exigente, pois do contrário iria à bancarrota. Com verdade ou sem verdade fico polindo minha matéria antes de chamá-la de notícia. Escrevo primeiro aonde quero chegar e depois vou ajeitando aqui e ali de forma a não me afastar muito da meta a ser alcançada.

Não trabalho no curto prazo, o que me seduz é o longo prazo. Para cada assunto tenho uma fonte de estimação. Se é tema econômico falo com Antonio, se é político pergunto a José, se é comportamento telefono para Maria, se trata de esportes não deixo de ouvir o André. Minhas fontes estão sempre em primeiro lugar e há muito elevei o nível delas para o de Oráculos. Nada mais justo; afinal, elas entendem melhor do que vai acontecer do que já aconteceu.

Confesso que tal promoção vertiginosa de mera fonte a cultuado oráculo não surgiu de forma espontânea – antes, foi uma imposição delas mesmas. Em troca ofereceram-me exclusividade, lealdade, anonimato, segurança. Sempre soube que para manter sua palavra a fonte invariavelmente passava a servir a dois senhores, e isso significava que a fonte seria sempre tentada a plantar notícias, defender interesses escusos e a cometer traições em pequena e em larga escala.

Antes abominava qualquer rótulo ideológico. Virava fera quando o concorrente me chamava remanescente da ditadura, de dedo-duro da direita ou mesmo carinhosamente como sendo daquela conhecida direita enrustida. Em minha seara os que pontificavam sempre apareciam associados às utopias, aos sonhos de bem-estar geral e àquela antiga história dizendo que os operários quando morrem seguem direto para o paraíso.

Hoje as coisas mudaram bastante. Não hesito em condenar qualquer movimento social, principalmente se for movimento que incite o populacho a invadir a propriedade alheia, que leve a massa ignara a se armar de facões e foices para tomar na marra o latifúndio por eles chamado de improdutivo. Não titubeio ao fazer a mais veemente defesa dos fabricantes de armas nem que para isso tenha que penhorar toda a minha escassa credibilidade. Não deixo de dormir uma boa noite de sono se passei uma ou duas semanas reunindo artilharia pesada para detonar gente como aquele médico argentino morto na selva boliviana conhecido como Che. Também não me aborrece desancar livro de uruguaio destrambelhado falando de umas tais veias abertas dessa nossa América Latina.

Antes criticava veladamente os que abraçavam o credo marxista. Hoje organizo vigílias e procissões para incensar o deus Liberalismo. Minhas páginas, colunas, seções, perfis, blocos, editoriais e comentários são como afluentes do imenso rio liberal prestes a desaguar no mar do consumo desenfreado e do capital que preenche de vazio a minha e a sua vida.


Realidade virtual


Antes tinha o cuidado de empunhar bem alto minha isenção. Se viajava a outro país para cobrir uma cúpula de governantes do continente fazia questão de dizer quem estava pagando as passagens e se fosse ele, o Governo, rapidamente alardeava que valor equivalente foi destinado a um programa social de preferência o mais vistoso. Ah, esse tempo da juventude com seus sonhos envelhecidos! Hoje pauto um assunto com um olho no bolso e outro no futuro. Como todo mundo, tenho também dívidas a pagar e muitos empréstimos a rolar em bancos oficiais. Esse assunto, agora me vem esta percepção, ainda me traz algum constrangimento. Daí que não me apetece demorar muito nele.

Antes observava os ataques freqüentes da concorrência interna. Era o pueril embate corporativo. Como o sarampo, só aparecia nos primeiros anos de existência da publicação e da emissora de rádio e tevê. O embate sempre se dava para ver quem defendia mais e melhor a dignidade humana, quem lutava contra o obscurantismo das ditaduras de plantão, quem recebia mais a visita daquela senhora tresloucada e senil que atendia pelo nome de Censura. Hoje as coisas mudaram. Amaduremos como veículos de comunicação e passamos a ver que existiam apenas dois lados. Um deles era o nosso, nos irmanava a todos. O outro representava os governos e populações com suas instituições e corporações.

O nosso lado passou a ter o hábito de defender com unhas e dentes, centimetragem generosa em todas as publicações e presença constantes nos telejornais de maior audiência, os nossos ícones sagrados mais preciosos: a liberdade de expressão, a liberdade de impressão, a liberdade de pressão. O outro lado passou a nos ver com razoável desconfiança e chegaram ao ponto de nos acusar dos mais hediondos dos crimes: viramos justiceiros, membros não fardados de tribunais de exceção, e liquidamos de um só golpe a honra e a biografia de pessoas e instituições inocentes.
Não posso negar que, como somos todos humanos, costumamos também errar e, mais ainda, é-nos mais cômodo persistir no erro. Afinal, temos aparências a conservar e, pensando bem, de que adianta vencer a guerra e perder a credibilidade?

Minha maior especialidade é criar mundos fictícios, de trazer para a vida da sociedade a chamada realidade virtual. Amparo-me em pesquisas qualitativas para saber o gosto do freguês. Sei do que ele gosta e o que ele abomina. Sei que o público adora um escândalo político envolvendo algum figurão dos demais Três Poderes. Quanto mais escabroso o escândalo mais assombrosa é a audiência, é a venda de meus jornais e revistas. Sei que o público detesta saber de escândalo envolvendo meu pessoal; não, represento um segmento social sempre acima de qualquer suspeita e isso não rende ibope algum. Sou capaz até de criar um encontro inexistente entre um ministro de Estado e uma autoridade do segundo escalão a este subordinado. E para dar contornos de verossimilhança em um estalar de dedos consigo levar o assunto para uma comissão parlamentar de inquérito no Congresso Nacional. E não importa se, apesar de todos os meus esforços, os tais depoimentos na CPI redundarem no vazio da ausência de fatos, ainda assim continuarei reverberando minha versão. É a realidade virtual imitando a própria vida. Como você vê, entendo bem de sua vida e sei até dos seus gostos e segredos mais bem guardados.


Orgulho incontido


Antes o negócio era assegurar o livre trânsito da informação. Penávamos para enviar correspondentes aos confins do mundo para cobrir aquela enchente em Xangai, aquela perseguição estatal movida contra os bahá´ís em Teerã, aquele terremoto em Yokohama ou os estragos daquele furacão sobre a costa da Flórida.

Mas tudo isso mudou e estive muito presente na mudança. A internet passou a fazer o trabalho completo: está acontecendo e a cobertura já começa ao vivo e em cores, com som e imagem e tudo acessível a custo zero por qualquer pessoa conectada à Grande Teia.

Para que a informação circule livre, leve e solta como dizia o antigo reclame publicitário, não é mais necessária a mediação do jornalista e sua pesada parafernália. Cada testemunha ocular de um evento – trágico ou não – se transforma rapidamente em correspondente de um sem-número de corporações midiáticas. Mas falham em um ponto: na maioria dos casos não conseguem analisar o fato dentro de seu contexto real. Isso é o que nós fazemos com excelência. Damos sentido às imagens e aos seus sons. E, de quebra, contextualizamos tudo dentro da linha editorial responsável pelo pagamento de nossos salários.

Desculpe se fui muito direto ao ponto, mas havia coisas por dizer e também já estou naquela idade – 200 anos não são duzentos meses! – em que as idéias parecem confusas. Tenho dificuldades para ordenar os pensamentos e já não sei o que é real e o que é ficção, o que é fato e o que é versão.

Sei apenas que palavras como ética, verdade e imparcialidade, expressões muito conhecidas como bem comum, presunção de inocência e direito de resposta exalam cheiro de naftalina e vagam bêbadas em hipotético dicionário de boas intenções – ou melhor dizendo, em manuais do bom jornalismo.

Antes que me esqueça, gostaria que você soubesse que não faltam elementos que desejam nos ver pelas costas. Vivem tentando nos intrigar. Não os leve a sério e lembre-se que estarei sempre lhe representando. Saiba também que falar em seu nome, além de me encher de orgulho, é o que de melhor aconteceu em minha bicentenária existência.


Atenciosamente, Opinião Publicada

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Diploma de Jornalismo


Jornalistas (profissionais), uni-vos!


A matéria a seguir, foi publicada no site Observatório da Imprensa (http://www.observatoriodaimprensa.com.br) dia 07/04/2009.


Como a proposta deste blog, não é apenas utilizá-lo como um "laboratório" particular para o exercício do jornalismo, mas também fornecer bom conteúdo par quem o lê, humildemente, irei postar na íntegra, esta excelênte matéria a respeito do debate que corre a justiça sobre a obrigatoriedade (ou não), do diploma de jornalista para o exercício da profissão.


Quero parabenizar o jornalista Luciano Martins Costa pelo ótimo trabalho!


Segue o texto...



Jornalistas (profissionais), uni-vos!
Por Luciano Martins Costa em 7/4/2009


O debate sobre a obrigatoriedade do diploma específico para o exercício do jornalismo no Brasil extrapolou todos os limites da razão, da ética e da honestidade intelectual. E se transforma num emaranhado confuso de aleivosias, sob o pesado silêncio dos jornalistas profissionais e dos estudantes de comunicação.

O reconhecimento do diploma, conquista que fundamentou o aprimoramento do jornalismo brasileiro, colocando limites na picaretagem que campeava nos tempos de Assis Chateaubriand e seus "carteiraços", está sob sério risco de desaparecer, sob os ataques de candidatos preguiçosos a uma profissão digna, construída com sacrifícios de vidas inteiras dedicadas à busca da verdade e com o suporte dos proprietários dos meios de comunicação e seu exército de yes-men.

Os polemistas sempre a postos para um bate-boca sobre qualquer assunto vão odiar a afirmação, mas esse debate não tem qualquer nobreza.

Ele nasceu no final dos anos 1980, quando a Folha de S.Paulo completava a reforma gráfica originada na colorização do jornal: em meio aos cálculos de custos, a direção do jornal constatou que havia criado novas seções de serviços, como os guias de lazer, que podiam ser produzidas por um digitador razoavelmente alfabetizado.

Acontece que não se podia simplesmente colocar na função de checador de horários alguém que não fosse jornalista, pois aqueles cadernos deveriam ser considerados material jornalístico, que se beneficia de facilidades fiscais.

Por outro lado, na ocasião o Sindicato dos Jornalistas do estado de São Paulo iniciava uma agressiva campanha de consolidação do piso salarial, o que apontava para as empresas jornalísticas a perspectiva de aumento de custos, por ter que manter jornalistas em todas as funções consideradas jornalísticas, até mesmo para a troca das tabelas de sessões de cinema e horários de funcionamento de botecos. No meio dessa disputa, dirigentes do sindicato questionaram a legalidade do cargo do diretor de Redação da Folha, Otavio Frias Filho, alegando que ele incorria no exercício ilegal da profissão de jornalista.

Crivo da direção

Foi o que bastou para que a exigência do diploma se tornasse questão de honra para as empresas de comunicação. Por iniciativa da Folha, o tema se transformou em "cavalo-de-batalha" da Associação Nacional de Jornais. Assim, uma picuinha pessoal respaldada pelo interesse em cortar cursos da Redação se transformou em questão constitucional: "juristas" sempre dispostos a ficar de bem com os donos de jornais foram sacar na infinita criatividade humana a idéia de que a restrição do exercício de atividade de imprensa a jornalistas diplomados e aos anteriormente registrados como profissionais é um atentado à liberdade de expressão.

Como sempre, a chamada imprensa – nomeada aqui como as empresas de comunicação – lança mão de princípios elevados para justificar a defesa de seus interesses, confundido liberdade de expressão com liberdade de acesso aos meios de comunicação.

Afirma-se, e muitos aceitam a aleivosia, que, sem a obrigatoriedade do diploma, qualquer indivíduo alfabetizado terá acesso às páginas dos jornais para expor suas opiniões.
Ora, qualquer indivíduo pode, por intermédio das seções de correspondência, desde que o editor considere conveniente publicar suas idéias, assim como acontece nas seções de artigos e nas reportagens: o que define o que será ou não publicado não é a posse de um diploma de jornalista, mas a aprovação dos editores ao conteúdo proposto. Tudo passa por um crivo de pressupostos centralizados na direção de cada jornal, e é essa concentração do poder de editar que limita a liberdade de circulação de idéias no Brasil, não a exigência do diploma.

Matéria controversa

Os defensores da desregulamentação da profissão de jornalista também costumam citar o julgamento do caso do Colegiado de Periodistas de Costa Rica, feito em 1985, no âmbito da Corte Interamericana de Direitos Humanos, quando foi considerado que a restrição ao exercício do jornalismo naquele país aos membros do Colegiado era incompatível com o Artigo 13 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos.

Para começo de conversa, conviria examinar a fragilidade da própria Corte, vulnerável às pressões da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) e criticada até mesmo por um de seus fundadores, o magistrado Máximo Cisneros. No voto em separado que proferiu durante o julgamento do caso do Colegiado de Costa Rica, Cisneros lamentou que o esforço de seus integrantes "não tem sido suficiente para evitar a sensação de frustração que sinto ao retirar-me [era seu último julgamento] sem que a Corte tenha tomado conhecimento de nenhum caso de violação de Direitos Humanos, não obstante a penosa realidade de nossa América nesse campo".

Um debate sério deveria, portanto, passar pela legitimidade da Corte, que se calara diante das ditaduras de todo tipo, à direita e à esquerda, que maltratavam o continente, e se empenhava, com amplo respaldo dos jornais associados à SIP, em discutir o direito de colegiação dos jornalistas da Costa Rica.

No entanto, passemos por cima disso e examinemos em si mesma a decisão que os inimigos do diploma querem transformar em "jurisprudência internacional". Recomenda-se, a quem queira discutir mais profundamente o tema, observar que a decisão sobre o Colegiado de Periodistas de Costa Rica não tem muitas semelhanças com a legislação que regulamentou a profissão no Brasil. Em comentário que acompanhou seu voto, um dos juízes da Corte Interamericana de Direitos Humanos, Rafael Nieto Navia, observou que o Colegiado não podia ser um instrumento de regulamentação da profissão proibindo o acesso à atividade jornalística de pessoas que não pertencessem ao seu quadro de associados, por sua natureza específica. Ele se referia a uma instituição que nada tem a ver com o estatuto do diploma de jornalismo existente no Brasil.

Entre os objetivos do Colegiado de Costa Rica podiam ser alinhados:

(...) respaldar e promover as ciências da comunicação coletiva; defender os interesses de seus associados, individual e coletivamente; apoiar, promover e estimular a cultura e toda atividade que tenda ao desenvolvimento do povo da Costa Rica; gestionar ou definir, quando possível, os sistemas de assistência médico-social pertinentes para proteger seus membros quando em situação de enfermidade, velhice ou morte de parentes próximos, ou quando seus familiares se vejam em dificuldades [extensivo a esposa, filhos e pais]; cooperar com todas as instituições públicas, sempre que possível, quando estas o solicitem ou a lei o impõe; manter e estimular o espírito de união entre os jornalistas profissionais; contribuir para aperfeiçoar o regime republicano e democrático, defender a soberania nacional e as instituições da nação e pronunciar-se sobre problemas públicos, quando assim o considerar conveniente."

Como se vê, esse estatuto se parece mais com o dos Conselhos Regionais de Corretores de Imóveis ou o da Ordem dos Advogados do Brasil do que o da legislação que define o exercício da profissão de jornalista entre nós. No entanto, não ocorre a ninguém discutir a constitucionalidade da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) nos muitos privilégios que representa para seus membros, sendo uma entidade pública de caráter corporativo como o Colegiado de Periodistas de Costa Rica. Portanto, a decisão usada como argumento pelos inimigos do diploma de jornalismo não se presta como "jurisprudência" para o caso brasileiro. Trata-se, no mínimo, de matéria controversa.

Falta fibra

A decisão, por unanimidade, da Corte Interamericana de Direitos Humanos, diz explicitamente que a colegiação obrigatória de jornalistas, "enquanto impeça o acesso de qualquer pessoa ao pleno uso dos meios de comunicação social como veículo para expressar-se ou para transmitir informação, é incompatível com o artigo 13 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos".

Ora, para constatarmos a aplicabilidade da decisão ao caso brasileiro, basta levantar o pressuposto da obrigatoriedade do diploma: que liberdade de acesso terá um cidadão não jornalista, ou não avalizado por um diploma de jornalismo, "ao uso dos meios de comunicação social como veículo para expressar-se ou para transmitir informação"? A mesma liberdade que tem hoje, com a obrigatoriedade do diploma, pois quem decide o que será publicado e que autores terão acesso à produção do jornal ou do noticiário por TV ou rádio (ou site de empresa de comunicação na internet) é o dono da empresa, por intermédio de seus editores de confiança. Enfim, o filtro para acesso aos meios de comunicação social não é o diploma, mas o critério ideológico ou de interesses da empresa de comunicação.

Aliás, outro juiz da Corte Interamericana de Direitos Humanos, Pedro Nikken, observa em seu voto em separado, não crer que...

"...a supressão pura e simples das leis da colegiação [direito de organização dos jornalistas], nos países onde existam, se traduza necessariamente em uma melhora das possibilidades reais de expressão e informação (…). Não creio que seria justo nem prudente interpretar a opinião da Corte como sinalizando que a colegiação [de jornalistas] limita a liberdade de expressão e que basta eliminar essa colegiação para restabelecer automaticamente a dita liberdade (…). A supressão da colegiação, por si, pode conduzir a outorgar maior poder de ‘controle particular’ a uns poucos empresários da imprensa, sem proveito especial para a comunidade e sem que haja nenhuma segurança de que se abrirá o acesso aos meios de difusão a todos não colegiados. Pode, mais propriamente, favorecer uma incondicionalidade dos jornalistas, até à margem da ética, em favor do patrão, coisa essa que também poderia chegar a lesionar os valores preservados pelo Artigo 13 [da Convenção de Direitos Humanos citada].

Em sua desonestidade intelectual, os defensores do fim da obrigatoriedade do diploma omitem esses detalhes, o que reduz ainda mais a nobreza desse debate.

Eles produzem um quase monólogo, diante do silêncio dos estudantes de Jornalismo. De qualquer forma, fossem outros os tempos e os estudantes estariam se organizando para mostrar aos legisladores que não devem produzir esse retrocesso. Mas parece que os estudantes de hoje, eventuais jornalistas no futuro, estão com medo de cair numa "lista negra" (no sentido de ausência de luzes, não de etnia, por favor) e ser eliminados dos concorridos sistemas de admissão nas grandes redações. Ou não têm fibra bastante para defender seus interesses.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Globalização


A Sociedade Global retira o poder de pressão dos trabalhadores aumentando as desigualdades sociais ao redor do mundo.


Constantemente entramos em contato com novos termos utilizados pelos veículos de comunicação, que tentam explicar uma nova realidade que se estabelece nas relações entre a produtividade e o novo conceito de mercado de trabalho.

Termos como globalização, automação e reengenharia, tomam conta dos noticiários e laçam um espectro sombrio a respeito do futuro dos trabalhadores.

Com o fim da Guerra Fria, os trabalhadores ficaram sem o seu principal instrumento de pressão. A “ameaça” socialista deixava de existir. Assim, com investimentos cada vez maiores no campo da tecnologia, o papel antes indispensável do trabalhador na cadeia produtiva passa a ser secundário.

Com este “avanço”, o Capitalismo se impõe na nova realidade econômica mundial. As novas tecnologias permitem com que a produtividade continue avançando independente da participação dos trabalhadores no processo. Os sindicatos e a OIT, entraram em declínio diante dessa nova realidade, pois agora, a “roda gira” com greve, ou sem greve. Diante do desemprego estrutural, a lei da oferta e da procura (por empregos) faz com que ocorra também uma defasagem no poder aquisitivo do trabalhador.

A globalização da economia trouxe um obstáculo a mais para a união dos trabalhadores em torno de seus interesses comuns. Com a importação de produtos manufaturados no Terceiro Mundo, os trabalhadores de países desenvolvidos criam novos mecanismos a fim de diminuir os efeitos negativos dessa competição em benefício de seus interesses. Aliaram-se aos seus governos nacionais exigindo a criação de cláusulas trabalhistas na elaboração de acordos nos foros de comércio internacional. Tais exigências criam uma barreira protecionista disfarçada, que prejudicam as exportações dos produtos do Terceiro Mundo e, em conseqüência, prejudica ainda mais as perspectivas de emprego em seus países.

Outro aspecto importante que não deve ser descartado é a questão do meio ambiente. Hoje, com a publicidade capitalista que aumenta consideravelmente o desejo por coisas materiais a humanidade passa a acreditar que tais recursos são infinitos, o que não é verdade.

A sociedade capitalista não se dá conta de que estamos consumindo muito além do que o nosso planeta pode suportar. Pra alimentar “necessidades” cada vez maiores de consumo, estamos extraindo esses recursos a uma velocidade que não permite que o nosso planeta renove-os a tempo de que não sejam extintos.

Sem esses recursos, todos os seres vivos poderão desaparecer em um futuro não muito distante.

Essa nova realidade política, econômica e financeira do mundo contemporâneo, nos apresenta novos desafios de como conciliar desenvolvimento econômico com desenvolvimento social, respeitando os limites ambientais na extração dos recursos naturais do nosso planeta.

É uma “equação” difícil, que se impõe na nova realidade mundial que precisa buscar soluções que no mínimo, amenizem o impacto negativo nas questões econômicas, sociais e ambientais.

As futuras gerações agradecem.

sábado, 4 de abril de 2009


Após assistirem, ao que talvez, seja o documentário mais popular da internet na atualidade, alguns dirão “teoria da conspiração” outros dirão que “o mundo em nossa volta faz parte de uma grande conspiração”.

Polêmico, bem estruturado e instigante, Zeitgeist não tem como ser ignorado. Alguns o tratam como “o manifesto comunista do século XXI”. A verdade é que esse documentário realmente provoca uma reflexão profunda sobre o nosso modelo de sociedade, nossas crenças e paradigmas.

O objetivo do filme é relatar várias conspirações que a humanidade sofreu até os dias de hoje, que impactaram profundamente os rumos da nossa história.

Como o estado, a igreja (religiões) e a elite econômica agem em conjunto, na busca constante de criar mecanismos de controle, que estimulem a população a ser menos crítica e mais acomodada com sua condição na hierarquia social. Tudo para garantir a manutenção de um modelo falido que gera violência, guerra, fome, degradação ambiental e diversas doenças orgânicas ou psicossomáticas, muitas vezes provocadas pela exploração inadequada dos nossos recursos naturais e pela exploração de mão de obra quase escrava e na maioria das vezes, mal-remunerada (mais valia).


Estrutura do Filme


Primeira Parte: The Greatest Story Ever Told



A primeira parte do filme é uma avaliação crítica do surgimento do cristianismo. O filme sugere que Jesus seja um híbrido literário e astrológico e, que a bíblia, trata de uma miscelânea de histórias baseadas em princípios astrológicos pertencentes a civilizações antigas. A atenção do filme se foca inicialmente no movimento do Sol e das estrelas, fato este que é uma das características das religiões "pagãs" (pré-cristãs).


Segunda Parte: All The World's a Stage


A segunda parte do filme foca-se nos ataques de 11 de setembro de 2001. O filme opina que governo dos Estados Unidos tinha conhecimento destes ataques e que a queda das torres do World Trade Center foi uma demolição controlada, e pasmem, planejada intencionalmente. O filme assegura que a NORAD, entidade responsável da defesa aérea dos Estados Unidos, tinha sido propositadamente baralhada no dia dos ataques com exercício simulado em que os Estados Unidos estavam a ser atacados por aviões seqüestrados.


Terceira Parte: Don't Mind The Men Behind The Curtain


A terceira parte do filme focaliza-se no sistema bancário mundial concentrado nas mãos de poucas famílias e na sua conspiração para obter um domínio mundial total. O filme denuncia que a Reserva Federal dos Estados Unidos da América (o Banco Central dos norte-americanos) foi uma instituição criada para roubar a riqueza dos Estados Unidos e também demonstra, o lucro que foi obtido pelos bancos durante a Primeira Guerra Mundial, Segunda Guerra Mundial, Guerra do Vietnã, Iraque, Afeganistão, e as tentativas de criar conflitos diplomáticos que possam justificar uma possível invasão à Venezuela para obtenção de petróleo. O filme descreve a conspiração destes banqueiros, argumentando que o objetivo deles é o controle sobre toda a raça humana. Criando um só governo, uma só moeda.O filme também aborda, a possibilidade e os caminhos que podem levar a sociedade humana, a ser microchipada e monitorada permanentemente, aniquilando de maneira definitiva nossos direitos civis.
Cor do texto
VALE MUITO A PENA CONFERIR!!!!

Segue link para o filme no Google Vídeo........



Emprestaremos ao FMI


Recentemente após uma reunião do G20 (grupo dos países que detêm 80% das riquezas globais), o presidente Lula anunciou o empréstimo de dinheiro para o Fundo Monetário Internacional (FMI), para socorrer a economia das nações mais atingidas pela atual crise financeira internacional.

Com isso, o Brasil consolida a sua recente condição de credor internacional e, pode ganhar uma imensa vitrine no cenário econômico, atraindo mais investidores para o país.

A imagem que se estabelece no âmbito internacional, é fator determinante para atrair investimentos. O investidor se preocupa não só, com a demanda de seus produtos ou serviços no mercado aonde irá investir, mas também, com a estabilidade econômica e política da região. Nesses aspectos, o Brasil se encontra em uma situação extremamente privilegiada em comparação com o resto do mundo.

Ainda não foi estabelecido o total desse empréstimo, falta agora, definir o montante e analisar os detalhes do mecanismo, para não reduzir valor das reservas internacionais.
Enquanto isso, nos bastidores da reunião do G20......