quarta-feira, 25 de junho de 2008

Livro: A Jornada do Escritor - Chirsthopher Vogler


O livro A Jornada do Escritor de Christhopher Vogler, faz uma análise da estrutura narrativa de histórias que vão dos contos bíblicos, mitologia grega, até os filmes dos dias de hoje, no objetivo entender esses elementos e seu uso na escrita moderna.

Uma boa história normalmente nos provoca uma sensação de que aprendemos alguma coisa sobre a vida ou sobre nós mesmos. Pode ser que tenhamos adquirido uma nova compreensão das coisas, um novo modelo de personagem ou de atitude. Chirsthopher Vogler começou a refletir sobre essas questões: “Como é que os autores dessas histórias conseguem isso? Quais são os segredos desse ofício tão antigo? Quais são as regras? Quais os princípios que o norteiam?

Debruçando-se sobre essas questões, Vogler foi percebendo ao longo dos anos que haviam elementos comuns nos mitos e nas histórias de aventuras, “certos personagens, adereços, locações e situações que eram intrigantemente familiares.” O autor, começou a ficar consciente de que havia um padrão ou molde de algum tipo que guiava o projeto geral da história.

Por obra do acaso (ou do destino), Vogler deu a sorte de cruzar em seu caminho com o trabalho do mitólogo Joseph Campbelll. O encontro com Campbell foi uma experiência transformadora. “Bastaram alguns dias explorando o labirinto de seu livro O herói de mil faces para que se produzisse uma reorganização eletrizante em minha vida e maneira de pensar. Aqui estava, explorando até o fim, o tal padrão que eu vinha intuindo. Campbell tinha decifrado o código secreto das histórias. Sua obra era um foco de luz, iluminando de repente uma paisagem até então imersa na sombra profunda.”

Trabalhando com as idéias de Campbell sobre a “Jornada do Herói ” , Chisthopher percebeu que sobre os mitos mundiais do herói, basicamente, retratam a mesma história, contada e recontada infinitas vezes, em infinitas variações.

O autor em sua obra A Jornada do Escritor, organiza as narrativas que segundo ele, “emergem naturalmente mesmo quando o escritor não está consciente delas”, conhecendo melhor essas etapas, seria de grande utilidade para que o escritor, ao identificar problemas, poder contar suas histórias melhor.

Estágios da Jornada do Herói

1. Mundo Comum
2. Chamado à Aventura
3. Recusa do Chamado
4. Encontro com o Mentor
5. Travessia do Primeiro Limiar
6. Testes, Aliados, Inimigos
7. Aproximação da Caverna Oculta
8. Provação
9. Recompensa (Apanhando a Espada)
10. Caminho de Volta
11. Ressurreição
12. Retorno com o Elixir

O modelo da Jornada do Herói

Através dos estágios citados, o autor mergulha fundo em cada uma dessas etapas a fim de fazer o leitor identificar esses elementos e tirar melhor proveito delas na construção de suas histórias.

Chirstopher Vogler reconhece o processo criativo que diferencia as histórias, mas identifica que “esqueleto”, de praticamente todas elas, permanece o mesmo. Identificar esse “padrão” pode ser de grande valia para aqueles que querem se aventurar no mundo da escrita.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Ética no Jornalismo - Quais as limitações?


É complicado falar de ética no Jornalismo nos dias de hoje. A dependência econômica que os maiores veículos privados têm com relação aos seus principais investidores e anunciantes, cria claras barreiras para um Jornalismo imparcial e independente.

Entendemos por ética, uma conduta que está em harmonia com os valores morais de uma sociedade, porém, estes valores, muitas vezes entram em confronto com o sistema econômico/político que a regem.

Para sobreviver no mercado, estes veículos, diante da necessidade de arrecadação pra tornar a empresa lucrativa e competitiva, não vão entrar em choque com os grandes grupos econômicos/financeiros, os grandes anunciantes, e correr o risco de perder esses vultuosos investimentos em publicidade para o concorrente.

O Jornalista, por sua vez, caso contrarie os interesses do veículo que o contratou, poderá ser definitivamente afastado do quadro de funcionários e formar fila com a massa de desempregados do nosso país.

Na maioria das vezes, chegam ao cargo de editor chefe, aqueles Jornalistas que estão em harmonia com os interesses desses veículos. Mas até que ponto, os interesses da grande imprensa estão em concordância com os valores morais, seguidos ou idealizados pela nossa sociedade e também com os interesses do nosso país?

A sobrevivência no mercado capitalista não depende de uma boa conduta moral ou ética. Depende na verdade, do lucro!

De que maneiras esse lucro é obtido, é o que menos importa para o capitalista, pois sem lucro, nenhuma empresa sobrevive.

Observamos nos dias de hoje, a disputa desenfreada por uma maior audiência, que não respeita os nossos códigos morais. Cenas de sexo e violência, são freqüentes em horário inapropriado. A exploração e exposição das mazelas humanas, cria os contornos de um dramalhão que costuma garantir grande audiência e, em conseqüência disso, enormes lucros para a imprensa privada.

O caso “Isabela Nardoni” ilustra bem o foco do Jornalismo praticado nos dias de hoje. Nos últimos 8 anos, 159.174 crianças sofreram agressões domésticas. Estima-se que esse número seja ainda maior, já que muitos casos sequer são denunciados, segundo dados divulgados pela ANDI (Agência de Notícias dos Direitos da Infância). São portanto, mais de dez por dia. Um somatório de crime e escândalo, esse é o perfil do noticiário brasileiro hoje.

Diante dessas limitações as quais os jornalistas estão submetidos, a questão ética em muitos casos, fica apenas no discurso.

A democratização dos meios de comunicação poderia representar um passo adiante na busca pelo direito legitimo do cidadão à informação.

Enquanto os meios de comunicação estiveram nas mãos de poucos, não haverá essa democratização.

A centralização do poder de mídia (refiro-me à grande imprensa) à uma meia dúzia de famílias que convergem do mesmo interesse, cria uma espécie de cartel das comunicações no Brasil. Um cartel que se une nos interesses políticos, mas que disputa a tapa cada ponto de audiência. Eles não querem cidadãos, querem, na verdade, consumidores.

A imprensa não deveria se furtar da responsabilidade de informar e formar cidadãos. Mas já que o poder econômico se sobrepõe a estas questões, cabe aos Jornalistas “independentes” e a sociedade esclarecida, propalar a importância de uma imprensa que tenha maior independência do poder econômico e do poder político no nosso país.

Um veículo público, submetido ao controle da sociedade, permitiria ao Jornalista melhores condições para estabelecer uma conduta ética, sem ser prejudicado por interesses de terceiros.

PERDÃO, O REMÉDIO DA ALMA - Texto de Rubens Tavares


"Você foi ofendido.

Uma palavra,

um grito,

um gesto,

um ato inesperado,

a traição de uma confiança depositada,

a omissão causada por um familiar,

por um amigo.

Então vem a dor.

Não a dor física, mas da alma.


Plantou-se a semente da amargura, do ódio, no seu coração.

A semente do ódio brota e a raiz da amargura aprofunda-se.

Esta raiz enreda o coração, como a erva-parasita sufoca o caule da frondosa árvore, impedindo-a de frutificar, crescer, respirar.

Chegará o tempo em que a frondosa árvore, sem poder respirar, crescer, frutificar, acaba morrendo.

Você mesmo, sem querer, aduba o ódio:

- Fui atacado, sou vítima.

- Ele errou, não fiz nada.

- Ele não merece minha amizade, o meu amor, a minha companhia.

- Ele merece ser condenado.

O ódio continua florcendo. A raiz da amargura vai se alastrando no coração. Vai rachando-o, destruindo-o.

A emoção sentida - quer seja o ódio, a amargura, a raiva - vai se represando. Você não pode castigar seu ofensor. O psíquico (emocional) descarrega no somático (corpo). Só há uma vávula de escape desses conflitos: é aí que surge a doença (psicossomática), ou seja, nasce a gastrite, a úlcera, o câncer, a dor de cabeça, os infartos, a pressão arterial descontrola-se, etc.

Aí surge a doença.

Há, porém um remédio, que não tem contra-indicação alguma: o PERDÃO.

Esse remédio pode ser automedicado, porque não há qualquer efeito colateral. A super dosagem só faz bem. Ele retira o entulho do ódio, da ira, e outros conflitos emocionais de nosso coração. Arranca toda ramificação da raiz de amargura.

Gesto do perdão, restabelece uma saudável sensação interior de amizade, de amor.

Gesto do perdão anula situações desastrosas

Gesto do perdão sara nossos corações, quiçá algumas doenças

Gesto do perdão, acima de tudo, nos possibilita ter comunhão com Deus

Procure, hoje mesmo, quem lhe ofendeu (um amigo, a esposa, um parente, um colega de profissão, um irmão), e dê a ele um presente inesquecível, O PERDÃO.

Você terá um coração totalmente renovado.

Experimente!

E seja Feliz!"

Texto de Rubens Tavares retirado do livro "O romance da crucificação"

terça-feira, 17 de junho de 2008

The Corporation (A Corporação)


Sem sombra de dúvidas um dos melhores documentários que já assisti!

Polêmico e repleto de conteúdo, "The Corporation" faz uma análise crítica e criteriosa do Capitalismo moderno.

Segue a descrição do verso do DVD....

"Cento e cinquenta anos atrás, as corporações eram apenas instituições de pouco valor. Hoje elas exercem um forte influência no dia a dia de nossas vidas.

Assim como a Igreja e a Monarquia em outras épocas, a Corporação tornou-se uma instituição poderosa e capaz de influenciar a história através dos tempos.

Neste complexo e divertido documentário, o diretor Mark Achbar e o escritor roteirista Joel Bakan mostram as repercussões da hegemonia das corporações na sociedade e na vida das pessoas.

Documentário inspirado no best-seller de Joel Bakan (The Corporation: The Pathological Pursuit of Profit and Power) sobre os poderes das grades Corporações como a Nike, Shell e IBM, além de Noam Chomsky, Milton Friedman e Michael Moore. Prêmio do Público no Sundance Film Festival de 2004.


* Vencedor de 24 Prêmios Internacionais

* Vencedor de 10 Prêmios Internacionais (Escolha do Público)

* Vencedor do Festival de Cinema de Sundance (Prêmio do Público Documentário)"

The Corporation - Parte 1 de 2

The Corporation - Parte 2 de 2

segunda-feira, 16 de junho de 2008

1968: As barricadas na França


“É preciso liquidar maio de 1968”. A frase do conservador presidente da França, Nicolas Sarkozy, expõe toda a força que essa data, 40 anos depois, ainda guarda.

Em maio de 1968, a França concentrou em um mês as transformações sociais, políticas e culturais de uma década que já ocorriam na Europa, Estados Unidos e na América Latina.

No decorrer desse mês, os estudantes Franceses criaram barricadas que mais se assemelhavam a trincheiras de guerra nas ruas de Paris para confrontar a polícia e demais autoridades.

A França dos anos de 1960, sob o comando do general Charles De Gaulle, era uma sociedade culturalmente conservadora e fechada, vivendo ainda o reflexo das perdas sofridas durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

As grandes motivações desse movimento, foram os protestos contra a Guerra do Vietnã e, reivindicações culturais e sociais tais como: maior liberdade para as mulheres e os homosexuais, luta contra preconceitos e o racismo, melhores condições de vida para o Terceiro Mundo.

Os movimentos ganharam mais força em Paris, com a participação de sindicatos, trabalhadores e setores de classe média. Os protestos e confrontos com a polícia, ocorriam diariamente na capital Francesa.

Palavras de ordem se notabilizaram nos muros da cidade, como “Seja realista: Peça o impossível” e “É proibido proibir”, foram “marcas registradas” do movimento Francês.

Os protestos de 1968, impactaram profundamente as relações entre raças, sexos, e gerações na França, e, posteriormente na Europa. As influências desse movimento na cultura ocidental, ajudaram a fundar idéias como as dos direitos humanos, das liberdades democráticas e civis, dos direitos das minorias, da igualdade entre homens e mulheres, brancos e negros e heterossexuais e homossexuais.

A percepção do impacto que esses movimentos causaram na sociedade, não foram percebidos imediatamente, o que deve ter causado, uma certa dose de frustração nos participantes daquele período turbulento. Hoje, temos consciência de que aqueles jovens queriam mudar o mundo. E não é que mudaram?

1968: O ano que não terminou - Zuenir Ventura



O livro de Zuenir Ventura retrata a vontade de uma geração que queria revolucionar não só a política, como a cultura e os costumes, tendo melhor sucesso nas duas últimas.

Com riqueza de detalhes e grande precisão, Zuenir nos leva a um “mergulho profundo” nos principais fatos de 1968. Este ano que representou o “marco zero” de uma série de conquistas sobretudo no plano do comportamento. Avançou-se muito no terreno dos costumes, das liberdades individuais e no questionamento dos valores institucionais.

O movimento estudantil no Brasil teve grande participação, motivado principalmente por questões políticas e restrições impostas pela ditadura. O movimento feminista e a revolução sexual também foram alguns dos estopins desse período conturbado.

Importante ressaltar que uma parte considerável dos líderes desse período, hoje, formam a elite política do país. Alguns dos antigos “inimigos da ordem”, hoje são lembrados como heróis da pátria.

Podemos dizer que o ano de 1968 foi marcado por protestos e reivindicações em várias regiões do globo. Entre Paris, Estados Unidos e Brasil a principal diferença é política, porque nós tínhamos aqui uma ditadura. O movimento estudantil era todo ele pontuado pela política. No Brasil que tudo passava pela política, inclusive o sexo. Era tudo uma questão política. E começa com um episódio político, que é a morte do Edson Luís. Em Paris, a coisa começa com uma reivindicação de ordem sexual, era a reivindicação para os estudantes terem o dormitório misto. Para o rapaz ir ao dormitório da moça e vice-versa. Era uma coisa do plano do comportamento. Isso faz uma diferença. A geração brasileira foi muito mais perseguida, muito mais sofrida, porque ela foi para a prisão, ela foi para o exílio, ela morreu, foi para a clandestinidade. É realmente uma das gerações mais sofridas. Os estudantes franceses e os estudantes americanos realmente não tinham essa repressão que tivemos aqui.

O conjunto dessas manifestações em 1968, provocou mudanças culturais e comportamentais que persistem até os dias de hoje. Uma boa leitura do livro “1968 O ano que não terminou”, fará o leitor perceber que o título do livro faz jus ao nome.

Filme - O preço de uma verdade


O filme do diretor Billy Ray, cujo título original chama-se “Shattered Glass” levanta várias questões sobre a ética na imprensa. Baseado em fatos reais, o filme conta a história do jovem e promissor jornalista Stephen Glass.

Glass ficou famoso no mundo jornalístico pela precocidade com que conseguiu posições de destaque na imprensa norte-americana. Era colaborador das revistas Rolling Stones, George e Haper’s, além de ser jornalista contratado da conceituada revista “The New Republic”, a revista de bordo do “Air Force One” o avião Presidencial dos Estados Unidos.

Apesar da pouca idade, Glass se destacava pelo seu aparente profissionalismo e criatividade com que produzia seus textos, além da boa relação que mantinha com seus colegas de profissão. Freqüentemente elogiava o vestido, a maquiagem, os cabelos de suas colegas e, em pouco tempo cativou toda a equipe do “The New Republic”.

A casa começa a cair para Glass, quando ele resolve elaborar a reportagem “O Paraíso dos Hackers” que contava a história de um menino de 13 anos que invadiu o sistema de segurança de uma respeitada empresa de softwares e foi convidado a trabalhar nela.

Um repórter concorrente chateado com as cobranças de seu chefe por não cobrir o evento ilusório, decide investigar a história contada por Glass.

Aos poucos a farsa começa a ser desmontada e Glass se vê obrigado a forjar provas de maneira a passar a impressão de que não estava mentido para o seu editor.

A investigação do jornalista da revista concorrente, levantou muitas provas de que Glass estava mentindo o que motivou até contatos entre o editor dessa revista com o editor da “The New Republic”.

Desconfiado de Glass, seu próprio editor resolve investigar o caso e descobre não só que Stephen Glass mentiu na reportagem “O Paraíso dos Hackers” como das 41 histórias publicadas por Glass para Republic, 27 foram parcialmente ou totalmente inventadas.

O filme levanta questões sobre ética, responsabilidade e os riscos de uma profissão que expõe demais os seus profissionais.

As mentiras contadas por Glass foram, sem dúvida alguma, responsáveis tanto pela sua ascensão quanto para a sua ruína na profissão de Jornalista.

Caso Welles


Em 1938, um dos casos mais intrigantes da história das comunicações, partiu de um jovem rapaz de apenas 23 anos chamado Orson Welles que, através de uma transmissão radiofônica, suscitou pânico em mais de um milhão e duzentos mil norte-americanos que acreditavam estar ocorrendo um ataque de extraterrestres.

Com um misto de ficção e cobertura jornalística, criou-se um ambiente de credibilidade para a história narrada. O contexto histórico também colaborou bastante já que naquele período em plena 2° Guerra Mundial, era comum a programação normal ser interrompida por chamadas extraordinárias dando informações sobre o grande conflito internacional daquele momento da história.

A apreensão dos ouvintes diante da indefinição norte-americana sobre sua participação na grande guerra, os atrasos da audiência que pegou a história já iniciada, a própria credibilidade de que dispunha a rádio CBS naquele período, foram fatores que colaboraram para um dos maiores casos de histeria coletiva já registrados.

Acredito que a intenção de Welles, era alertar a população para o poder de manipulação que o rádio exercia naquele período e, também alertar os profissionais de comunicação sobre a grande responsabilidade deles para com o conteúdo reproduzido. Ao final da transmissão, Welles deixou, ao meu ver, bem claro qual era a intenção daquele programa ao dizer “....Então, adeus a todos e lembrem-se, por favor, da terrível lição que aprenderam hoje à noite...” com essas palavras, acredito que Welles queria despertar o senso crítico de sua audiência e torná-la menos vulnerável aos “encantos da caixa mágica” e segundo Welles, a transmissão foi “um assalto à credibilidade daquela máquina”.

A narração de “Guerra dos Mundos” serviu como um laboratório e se tornou um marco no estudo sobre os possíveis efeitos da mídia na sociedade daquele período. Com uma maior difusão dos veículos de comunicação dos dias de hoje, acredito que tal empreitada não surtiria o mesmo efeito de antigamente. Mas a genialidade de Welles nos deixará uma lição difícil de esquecer.