segunda-feira, 16 de junho de 2008

1968: O ano que não terminou - Zuenir Ventura



O livro de Zuenir Ventura retrata a vontade de uma geração que queria revolucionar não só a política, como a cultura e os costumes, tendo melhor sucesso nas duas últimas.

Com riqueza de detalhes e grande precisão, Zuenir nos leva a um “mergulho profundo” nos principais fatos de 1968. Este ano que representou o “marco zero” de uma série de conquistas sobretudo no plano do comportamento. Avançou-se muito no terreno dos costumes, das liberdades individuais e no questionamento dos valores institucionais.

O movimento estudantil no Brasil teve grande participação, motivado principalmente por questões políticas e restrições impostas pela ditadura. O movimento feminista e a revolução sexual também foram alguns dos estopins desse período conturbado.

Importante ressaltar que uma parte considerável dos líderes desse período, hoje, formam a elite política do país. Alguns dos antigos “inimigos da ordem”, hoje são lembrados como heróis da pátria.

Podemos dizer que o ano de 1968 foi marcado por protestos e reivindicações em várias regiões do globo. Entre Paris, Estados Unidos e Brasil a principal diferença é política, porque nós tínhamos aqui uma ditadura. O movimento estudantil era todo ele pontuado pela política. No Brasil que tudo passava pela política, inclusive o sexo. Era tudo uma questão política. E começa com um episódio político, que é a morte do Edson Luís. Em Paris, a coisa começa com uma reivindicação de ordem sexual, era a reivindicação para os estudantes terem o dormitório misto. Para o rapaz ir ao dormitório da moça e vice-versa. Era uma coisa do plano do comportamento. Isso faz uma diferença. A geração brasileira foi muito mais perseguida, muito mais sofrida, porque ela foi para a prisão, ela foi para o exílio, ela morreu, foi para a clandestinidade. É realmente uma das gerações mais sofridas. Os estudantes franceses e os estudantes americanos realmente não tinham essa repressão que tivemos aqui.

O conjunto dessas manifestações em 1968, provocou mudanças culturais e comportamentais que persistem até os dias de hoje. Uma boa leitura do livro “1968 O ano que não terminou”, fará o leitor perceber que o título do livro faz jus ao nome.

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