
Em 1938, um dos casos mais intrigantes da história das comunicações, partiu de um jovem rapaz de apenas 23 anos chamado Orson Welles que, através de uma transmissão radiofônica, suscitou pânico em mais de um milhão e duzentos mil norte-americanos que acreditavam estar ocorrendo um ataque de extraterrestres.
Com um misto de ficção e cobertura jornalística, criou-se um ambiente de credibilidade para a história narrada. O contexto histórico também colaborou bastante já que naquele período em plena 2° Guerra Mundial, era comum a programação normal ser interrompida por chamadas extraordinárias dando informações sobre o grande conflito internacional daquele momento da história.
A apreensão dos ouvintes diante da indefinição norte-americana sobre sua participação na grande guerra, os atrasos da audiência que pegou a história já iniciada, a própria credibilidade de que dispunha a rádio CBS naquele período, foram fatores que colaboraram para um dos maiores casos de histeria coletiva já registrados.
Acredito que a intenção de Welles, era alertar a população para o poder de manipulação que o rádio exercia naquele período e, também alertar os profissionais de comunicação sobre a grande responsabilidade deles para com o conteúdo reproduzido. Ao final da transmissão, Welles deixou, ao meu ver, bem claro qual era a intenção daquele programa ao dizer “....Então, adeus a todos e lembrem-se, por favor, da terrível lição que aprenderam hoje à noite...” com essas palavras, acredito que Welles queria despertar o senso crítico de sua audiência e torná-la menos vulnerável aos “encantos da caixa mágica” e segundo Welles, a transmissão foi “um assalto à credibilidade daquela máquina”.
A narração de “Guerra dos Mundos” serviu como um laboratório e se tornou um marco no estudo sobre os possíveis efeitos da mídia na sociedade daquele período. Com uma maior difusão dos veículos de comunicação dos dias de hoje, acredito que tal empreitada não surtiria o mesmo efeito de antigamente. Mas a genialidade de Welles nos deixará uma lição difícil de esquecer.
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